sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Quando era pequena

Quando era pequena era uma criança bastante esquisita, confesso. Achava todas as crianças umas totós e fazia testes de paciência às pessoas que se metiam comigo, quer pelos gritos de 'deixa-me em paz' quer por não responder e me fazer de muda. Se bem que a segunda hipótese nem acontecia muitas vezes.

Quando era pequena era estranha, admito. Achava que tinha um poder especial que fazia com que algo que eu desejasse muito acontecesse. Sem chance de erro! Por exemplo, se um dia visse uma pessoa no café onde ia todas as manhãs, e tivesse curiosidade sobre quem era ou o que fazia, achava que daí a uns tempos iria acontecer algo que a pusesse no meu caminho. Não pensem que acreditava em fadas, nem em deuses, nem nada do outro mundo. Já na altura tinha algumas dúvidas quanto à existência de Deus, mas acreditava que havia (acho que nisso ainda acredito) algo maior que nós. E quando acontecia eu falar com a tal pessoa do café sentia-me realizada. Realizada na minha curiosidade mas sobretudo, por ter mais uma prova que eu tinha um poder psíquico especial. (Estava aqui a pensar, tirando a parte do poder psíquico especial, acho que o resto ainda mantenho, em grande parte)


Quando era pequena era introvertida, concordo. Achava que não valia a pena rir-me e tinha imensa vergonha do que os outros poderiam pensar com o que eu estava a fazer, ou iria dizer, algo assim... Por isso, para me enterter nos momentos mais monótonos fazia um jogo do qual me lembrei à uns momentos. Era assim:


Daqui a uns momentos já vou estar a : dormir.
Daqui a 10 anos já vou estar: formada, espero eu.
Daqui a 15 anos já vou estar: em África/ Ásia a fazer uma missão humanitária sem fins religiosos. Ser profissional.
Daqui a 20 já vou: ser mãe, mulher, amiga.
Daqui a 30 já vou: estar bem na carreira.
Daqui a 40 já vou: pedir a reforma, ou se calhar ainda não.
Daqui a 50 já vou: ganhar juízo.
Daqui a 60 já vou: ser avó. Andar de roupa de inverno no verão e de roupa de verão no inverno, que isto das mudanças climáticas é um perigo.



Quando era pequena era, sobretudo, ingénua, ainda sou e ainda bem.

2 comentários:

Mafalda disse...

E de criança estranha, passaste a adolescente estraho e sê-lo-ás pela vida fora.

Quanto ao teu pseudo jogo, lamento desiludir-te mas:

Daqui a uns momentos, estarás na cama a morrer de sono.

Daqui a umas horas, estarás a estudar matemática.

Daqui a 5 dias, estarás a fazer teste de matemática.

Daqui a 7 dias, estarás a matar-te a fazer um teste de português sobre a "Mensagem".

Daqui a uns meses, estarás numa cidade estranha, numa faculdade a sofrer.

Daqui a 10 anos, estás a trabalhar como uma condenada.

Daqui a 20 anos, estás a trabalhar como uma condenada.

Daqui a 30 anos, estás a trabalhar como uma condenada.

Daqui a 40 anos, estás a trabalhar como uma condenada.

Daqui a 50 anos, estás a trabalhar como uma condenada.

Daqui a 60 anos, estás a trabalhar como uma condenada.


Daqui a 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80 anos continuarás a ser minha amiga (que remédio ahahahahahhaha)

Bjnhos**

suz disse...

Ai as saudade que tenho de ser criança. Tenho saudades da magia que envolvia todas as coisas. Da simplicidade da vida. Das brincadeiras, de ser atirada ao ar, de me matarem de cócegas...