sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008


Vou pôr o que sinto numa carteira,
Fechado num cofre.
Vou guardar tudo da melhor maneira,
Mesmo aquilo que se sente de chofre.

Vou esconder do mundo toda a emoção,
Viver com o que sinto guardado na mão.

E só mostro o que realmente quero
E fica comigo todo o desespero.
E quem olhar nem vai perceber
Que sou eu apenas a crescer…

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008


















I just want my inocence back.

Could you look after it?

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Nome de código: amizade, estado: volto já

Qual é o meu problema com amizades?
Será que o mal é meu?
Será que dou demasiado de mim?
Será que confio de mais?
Será que não escolho bem ou que escolho de mais?
Será que faço alguma coisa mal ou que simplesmente, não faço nada bem?
Será que gosto de mais?
Será que não sei gostar?
Será que é de mim?
Será que não sei ser amiga?
Será que não sei quando devo parar?
E porque será que dói?

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Farol de Saudade

Sinto saudades, outra vez. Saudades que apertam.
Tuas.
São como farol. Farol de saudades.
Fortes, inapagáveis. Guiam-me no escuro da vida. Mostram-me um caminho. Mas afastam-me de ti. Parece que o meu caminho não passa pelo teu. Parece que a minha vontade de ti não é suficiente por si.
E aguento. As saudades tremem-me, abanam-me, assustam-me, e recomeçam. Como no último dia de ti. O último dia de chuva em que te riste comigo.
E estou presa. Neste farol de saudades. Que vêm do nada e me guiam. PARA longe de TI.
E não voltas. Tu não voltas atrás. Tu que não sentes a falta de mim. Tu que és luz. És calor. És riso, alegria. Vida.
E eu, no escuro da vida, procuro a tua luz, presa. Presa num farol de saudades. PARA muito, muito longe de TI.

E agora que choro no escuro, uma vontade que já não virás escurece um farol de ti. Que me guiava para PERTO de ti.

Bocado de mim

Dei-te um bocado de mim para que o guardasses no coração. Mostrei-te como o podias utilizar para te sentires melhor, para te sentires pior, para teres saudades, para o apertares e dares beijinhos. Do mesmo modo que te dei um bocadinho a ti (e recebi teu), dei também a todos aqueles que se mostraram dignos da minha confiança. Àqueles que não conheço mas que me dão os ‘bons-dias’ com sorrisos. Àqueles a quem pergunto as horas e nunca mais torno a ver. Àqueles como tu que todos os dias me ouvem, nem que seja para dizer mal da vida, mal de mim.
E só peço que o guardes, naquele bolso da camisola que está bem perto do coração. Que nunca te esqueças que era meu e que o vás procurar para agarrar e apertar com força porque sentes saudades.
Às vezes acho que te enganas no bolso quando o guardas, que com a pressa o pões nas calças e deixas de sentir que ele lá está. Que lá estava eu. E assim, deixas de te lembrar que eu existo, que eu gosto de ti, que espero atenção, carinho, força, afecto, reprimentas, puxões de orelhas… Acho até, que só eu é que guardo os bocadinhos dos outros (e que ninguém se lembra do bocadinho de mim). O teu, o da pessoa que me diz ‘bons-dias’, os dos que me dizem as horas, o da criança que sorriu para mim, do avô que acenou…
E nessas alturas sinto-me vazia. Parece que dei demais. Parece que o bocadinho de mim que te dei me faz falta. Parece que tu não merecias um bocadinho meu. Um bocadinho de afecto, de atenção, de sonho, de vontade, de mim…

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Anti-mim

Sou não sendo,
Coisa que anticoisa.
Vivo não vivendo,
Choro não querendo,
Aprendo sem saber.

E é sonhando pesadelos,
Correndo para trás,
Que vejo o que é o Mundo,
E o que perde quem não é capaz
De viver sempre a fundo.

E é…
Sentindo com a razão,
Pensando com o coração,
Trocando o início pelo fim,
Tirando o melhor para mim:

Que me encaixo nesta vida,
Tão ricamente descolorida,
Tão triste e cansada,
E sem tempo para nada.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Vivo dentro desta jaula
Porta aberta, confiança cega.
O que sei, está cá dentro
Do que não sei, não se fala.

Não me mintas nem digas que és feliz,
O que se sente não se diz.

Não me fales de amor.
Não me digas o que é a dor.
Se quiser experimentar.
Saio daqui e vou vadiar.

E depois, como é lá fora?
Não me digas, não me contes.
Eu não tenho curiosidade
Daqui vejo os vales e vejo os montes.
E depois, estou cá dentro.
Porta de aço, chão de cimento.

E agora que vejo a lua,
Sinto falta de um miminho
De uma voz que era tua
De um som de um sininho.

E já viste como se sofre,
Quando não se acredita na sorte?
Já viste o que não se sente,
Quando se esvazia a mente?

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Cala-te

Cala-te
Não fales de mais
Cala-te.
Escrevo sobre coisas banais
Mas ninguém tem de saber.
Cala-te.
É segredo, é confidencial
Cala-te.
Não vês que não quero mostrar isto a ninguém?
Não vês que é só para mim que escrevo.
E é só para mim que quero sentir também?
Cala-te.
Não vês o que vejo nem que te esforces
Não vês o que sinto nem por uma vez
Esquece.
Cala-te.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Big and Small

It is a big smile in a small face.
It is a small bag with a big problem
It is a big girl and small trouble
It is a small resolution into a big conclusion.


Pois, tomei uma decisão muito difícil mas tenho consciência que foi provavelmente o melhor. Como é óbvio, as resoluções que tomamos para nós, muitas vezes, provocam dor, a sensação de querer voltar atrás e de achar que vamos conseguir aguentar tudo outra vez. Que os bons momentos ultrapassam todos os momentos maus. Mas quando não é verdade temos de ser fortes para levar para diante aquilo que decidimos para nós. Hoje acho que aguento, ontem achava menos, amanhã espero achar muito mais. Talvez daqui a uns tempos consiga recuperar aquilo que perdi de bom naqueles momentos maus.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Mundo a cores

Vives num mundo de cores:
Fica verde de esperança e,
Azul de vontade;
Amarelo de sorte e,
Rosa de amizade.
Até vermelho de paixão.

Um mundo que:
enrubesce de curiosidades,
Fica roxo de inveja,
Cinzento de medo,
Preto de morte.

É um mundo de
Coloridos abraços,
Escuros humores,
Dourados tesouros
E prateados sonhos.

Um mundo perdido em:
Transparências vontades,
Translúcidos medos,
E opacos segredos.
Um mundo de cores.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Mãe de pai

Ela canta, pobre ceifeira,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anónima viuvez,

Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.

Ouvi-la alegra e entristece,
Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões pra cantar que a vida.



Fernando Pessoa.





Este poema lembrou-me desesperadamente a minha avó. Ela também cantava enquanto ceifava, semeava, plantava, cultivava para os outros e para viver. Cantava para espantar a dor, o cansaço e a dureza da vida. Cantava para lembrar os filhos que estava ali, para lembrar a vida que ainda teria de esperar por ela. E eu, que agora a vejo cantar para viver, para recordar a tristeza da vida, vejo como sofre por já não viver vivendo, por já não esperar nada...


domingo, 10 de fevereiro de 2008

Pai de pai

Conheces-me, olá avô, boa-tarde.
Viras-te e respondes-me ao olá avô, boa-tarde.
No entanto nunca falas comigo, nada mais que o olá avô, boa-tarde.
Não compreendo o homem que chegou a ir a Espanha a nado para dar mais e melhor à sua família e que agora só me responde ao olá avô, boa-tarde.
Nem nunca conversei a sério com o homem que foi a Paris para ganhar dinheiro. E agora que te vejo mais uma vez, já só te sei dizer olá avô, boa-tarde.
Dizem que foste um herói, que trabalhaste enquanto pudeste e que a saúde te traiu, e agora que te olho mais, só vejo um velho a quem digo olá avô, boa-tarde.
Um dia vou escrever uma grande história sobre ti, e mostrar a todos os que não te conheceram aquilo que eu não vi nunca mas que toda a gente me conta sobre ti. Que mereces mais que um olá avô, boa-tarde.
E agora que vejo as tuas fotos com o pai ao colo a maneira feliz como a avó te olha, só tenho pena de me responderes apenas olá, que não haja mais nada sobre que falar depois do olá avô, boa-tarde.

Como te admiro porque sei o que foste, amanhã vou pôr ainda mais emoção no olá avô, boa-tarde.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008


Há dias que correm mal correndo bem. O meu foi desses. Não sei se vou conseguir reunir forças para ajudar todos aqueles que estão a precisar de mim e isso está-me a deitar abaixo. Eu não gosto de ser lamechas, não gosto de dramatizar e muito menos de me sentir a perder o controlo das situações. Arco com as consequências dos meus actos mas normalmente não desisto sem dar luta. Hoje nem lutar me apetece. Dá-me vontade de atirar os braços para o ar e esperar que me caia o céu em cima.

É difícil sorrir por fora e sentir as lágrimas dos outros por dentro. E neste momento, algumas pessoas de quem eu gosto, estão assim, a chorar.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Dúvidas existenciais!


Porque será que me dá uma vontade louca de dançar quando passa Bublé na rádio?

Porque será que me apetece gesticular, saltar da cadeira, quando a cabeleireira me diz "Esteja quieta."?

Porque será que tenho vontade de responder com a minha voz de mel às perguntas do dentista. Logo na altura em que tenho a boca ocupada?

Porque será que me apetece atravessar a passadeira quando o sinal está vermelho?

Porque será que só tenho apetite quando a refeição ainda borbulha ao lume?

Porque será que lido melhor com elogios quando são ao telefone?

Porque será que quando me fazem cócegas só me apetece responder ao estalo?

Porque será que quando faço as pazes com alguém, tenho vontade de saltar para o pescoço e dar-lhe um beijo repenicado numa bochecha?

Porque será que só penso que aquele exercício era provável que saísse no teste depois de ter o teste à frente?

Porque será que digo que gosto de chá sem açúcar se na verdade também o bebo se tiver açúcar?

Porque será que hoje, mesmo com algumas coisas não muito bem, eu não me quero sequer importar?

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Têm?


Olá, boa-tarde, desejo um abraço destes. Têm?

Prefere quente ou frio?

Servido quente, se faz favor.

domingo, 3 de fevereiro de 2008


Podes dizer-me que acreditas em mim?
Que acreditas que posso fazer algo bom, que até sou inteligente, que os meus trabalhos ficam bem feitos, que sou eficiente a pôr a mesa das refeições, a lavar a loiça, a limpar o pó. Hoje só quero um elogio teu. Alguma coisa que me mostre que te preocupas com o que faço, e que te deixo orgulhosa. É que hoje,
não acredito nisso.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Quase Velha e quase sozinha

Era quase velha e estava quase sozinha. Olhava para o chão. Todas as que estavam com ela olhavam para o chão, tal como ela. Mas aquela quase velha, acompanhada por outras já quase velhas, estava quase sozinha. Vi-a de longe a levantar-se e tentar fugir ao tempo que passava por ela. Veloz. Rápido. E ela, quase velha e quase sozinha, levantou-se para correr. Tropeçou na bengala, que atrasava a fuga ao tempo, rápido e veloz, e caiu. E o tempo passou por ela. Veloz. Rápido. E ela, já velha e já sozinha, porque o tempo já tinha passado por ela, olhou para mim. E eu, tal como todas as quase crianças e quase gente, encolhi os ombros e segui o meu caminho. Na minha vida, o tempo ainda ia muito lá atrás. E aquela luta não era a minha. Mesmo assim, peguei-lhe na mão quente para ajudar, quando já ninguém estava a olhar, e levantei-a a ela, e à bengala. E ela já atrasada, porque o tempo já tinha passado por ela, sorriu-me envergonhada e sentou-se onde estava. Agora que já estava tão atrasada que não valia a pena.

(Senti isto quando vi a minha avó a ficar velhinha. Este texto estava no meu computador há uns tempos. Tinha vergonha de o mostrar. E sim, mesmo comigo ao lado, ela passou de quase velha e de quase sozinha, para totalmente sozinha e velha.)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Hoje acordei com um sorriso parvo na cara. Bem disposta. Até me ri da minha triste figura ao espelho. Até cantarolei no chuveiro. E cheguei mesmo a engasgar-me com tanto para rir em tão pouco tempo.
Sinto-me bem.