sábado, 24 de maio de 2008

Perdão, com sua licença, agora é a minha vez.
Já esperei que jogasses, já esperei que expressasses a tua opinião, já esperei que mostrasses o que vales e até já deixei que me fizesses frente e tentasses menosprezar-me. Agora é a tua vez de ver como se joga. Agora é a tua vez de esperar, de desesperar, de perder, de aguentar, de sofrer.

Perdão, com sua licença, agora é a minha vez.
Já deixei que me passasses para trás e que viesses chorar no meu ombro. Já te ouvi quando me apetecia ser eu a falar, já sofri a teu lado quando me contaste algo triste. Já nos rimos juntas quando era eu para chorar e já te deixei ganhar quando era eu a vencer.

Perdão, com sua licença, agora é a minha vez.

Já viste que estou sempre atrás de ti? Já viste que estou sempre ao teu lado? Já viste que nunca te passo para trás? Se já, agora aguenta-te

porque:
Perdão, com sua licença, agora é a minha vez.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Blá blá, blá blá


Já vi que o que vais dizer não me agrada. Blá blá, blá blá.
O pior é que já sei do que vais falar. Blá blá, blá blá.
Já sei…
Vais falar da meteorologia, do preço dos combustíveis, do tempo todo ocupado, dos problemas com ela – a namorada, com ele – o melhor amigo…
Vais contar-me o que compraste para oferecer à X que faz anos por estes dias, ao Y que te ajudou a ultrapassar uma fase difícil e que fez anos um dia destes, mas tu não sabias a data e não lhe deste os parabéns a sério.
Vais ainda dizer-me como vai ser a próxima saída, quem vai contigo, onde vão passear…
Já sei…
E eu?
Posso contar-te mais uma vez uma discussão qualquer (provavelmente sobre escola)?
Posso dizer-te o que se passou no meu dia de anormal, o que tomei ao pequeno-almoço, o que lanchei?
Posso sonhar acordada e contar-te tudinho?
Posso fazer mistério com a roupa que vou levar vestida? Para acabarmos rindo acerca da tua camisola preferida…
Posso atentar-te com a cor das minhas sapatilhas novas?
Posso acalmar-te acerca das discussões que tiveste, das desilusões por que passaste?
Acrescentar que gosto de ti, que és meu amigo…
E tu?
Tu vais dizer que também gostas de mim, que é óbvio que também és meu amigo…
Mas eu nunca apareço nas tuas contas. Nem nunca faço parte do teu baralho. Eu sou o teu diário sem chave, com olhos e com boca… Mas, sobretudo com ouvidos.
E eu não, eu não estou triste, não acho que é pouco, não me arrependo de te ouvir, não me arrependo de me rir contigo, de falar de disparates, de me revelar… Não me arrependo de sermos amigos, sabes?
Absorvo o que me contas embora reaja como tu esperas que eu reaja, acho eu. É, não é?
Vamos tornar a rir-nos e falar das minhas memórias. Por agora é tudo…
Amanhã vais começar de novo: blá blá, blá blá…

domingo, 18 de maio de 2008

Bye Bye

Foste embora pelo meu pedido,

Mas não me disseste nada

Que te despedisse com…

Muito sentido.


Parecias absorto,

Perdido algures

E pensavas, coitado,

Ir viver p’ra nenhures.


Tal era o desespero

De tornares a ficar sozinho,

Que abrias e fechavas mapas

Procurando novo caminho.


Nunca pensei que depois fosse eu

A sentir-me perdida na escuridão…

Tanto te afastei da vida e do céu,

Que me perdi do nosso refrão.


Sem muito sentido,

Continuo cantando

A luz vem ao fundo

Só mais um segundo:

‘Bye bye’

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Sabem que mais?

Estou farta de trabalhar e não ser recompensada.
Estou farta de ser a filha perfeita, a mana perfeita, a amiga ideal.
Estou saturada de emendar os meus erros e aperfeiçoar as minhas atitudes impensadas.
Tenho andado bem disposta, tão bem disposta que até a imperfeição das coisas me fazia brilhar os olhinhos de criancinha recém-18 e nem sentia necessidade de falar com ninguém ou de escrever (pois a maioria das vezes escrevo é para desabafar ou para aproveitar estes sentimentos todos que borbulham cá dentro) e nestes últimos dias andava bem. Mas, se a vida fosse perfeita seria uma granda seca como diz a minha excelentíssima mana e então tinha de haver algo para estragar a good vibe.
Vai daí, estragou-se-me o dia, que até andava solarengo (que alegria!) com uma porcaria de escola. Não porcaria por ser de escola, mas porcaria porque a pessoa da escola é uma porcaria.
Enfim... Acho que vou fazer um balde de pipocas salgadas e comê-las todas de seguida para apanhar uma dor de barriga e esquecer a porcaria da escola por causa do homem de porcaria.

(provavelmente vou-me arrepender de postar isto, mas veio do coração)

domingo, 11 de maio de 2008

Calcanhar de Aquiles

Era cedo quando me levantei rumo ao mundo.
Estava o chão tão seco como o céu da minha boca.
Tinha calor e arrepios, os lábios estalados, as mãos gretadas e sujas de pó.
Andei quilómetros e quilómetros até começar a sentir o vento na cara, voltei-me para a direita. Segui em frente e cheguei a um poço fundo, pequeno e perigoso. Um fosso de vida. Lá, ouvia-se o periclitante som de água. Aproximei-me perto e puxei do copo meio partido que encontrei no caminho. Houve alguém que me agarrou pela perna e me pôs dentro do buraco para eu poder chegar à água. Eu cheguei. Molhei as mãos que arderam, lavei os lábios que queimaram por estarem demasiado secos e enchi o copo de água suja que bebi sofregamente. Estava fria e lembro-me de me ter engasgado. Depois já não sei bem o que aconteceu. Deixei-me dormir novamente e acordei apenas com um medo enorme de viver sem água. Esse, é o meu calcanhar de Aquiles.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

9 de Maio

A partir de hoje sou maior.
Hoje, que faço 18, sinto o peso de querer ser uma pessoa melhor, competente, responsável, tolerante. Mas não nego nem ponho de parte os sentimentos que regeram as minhas atitudes até agora: o medo, a ânsia de vida, a consciência, a vontade e o sonho.
Hoje, tive o melhor dia de anos da minha vida dezoitista. Fui surpreendida, fui acarinhada, fui mimada e senti-me muito leve, feliz…
Hoje que fiz dezóito ou dezôito, como preferirem, deixei-me ser criança e sorri durante todo o dia. Hoje, embora ninguém tenha dado conta, chorei por todas as manifestações de carinho que me deram e deixei-me sentir feliz.
Obrigada, a todos os que participaram nestes dezoito de vida. Venham mais 18:
De alegria
De consciência
De seres
De responsabilidade
De amizade
De dor
De quedas
De amor
De vida
De promessas
De desejos
De sonhos
De realidades
De tentativas frustradas
De sucessos
De amigos
De pessoas
De mim

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Tempo

“Não tenho tempo”
Como se explica isto?
Há tempo que estica,
Há tempo que voa,
Há tempo perdido,
Há tempo sentido,
Há tempo do bom,
Há tempo que presta,
Há tempo que soa…
No tempo que me resta:
Há tempo que tic
Há tempo que tac…
Mas se mais tempo houvesse,
Explicava-te o que tempo é.
Já que também há tempo que se esquece.
Mas esse tempo ninguém merece,
Não é?

domingo, 4 de maio de 2008

Mãe,
Obrigada pelo que me ensinas todos os dias,
Obrigada por todas as alegrias.
Obrigada pelas lágrimas que me obrigaste a derramar,
Ajudaram-me a crescer.
Obrigada por não seres só minha amiga
E por termos discussões.
Obrigada pelos discursos e sermões.
Obrigada por pores em dúvida aquilo que sou
Para que eu nunca duvide de quem me amou.
Obrigada por me ensinares a sobreviver
Quando for tudo contra ao meu querer.
Obrigada pela força das palavras,
Pelo amor incondicional.
Obrigada pela ordem a que obrigavas
Quando eu fazia tudo mal.
Obrigada por me fazeres crescer
Quando nada me corre bem.

Obrigada, mãe.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Lição

Estou com medo.
Que se passa?
Tenho medo.
De quê?
De fechar os olhos e não sonhar,

de abrir as asas e não voar,
de pensar e não ter vontades,
de ouvir e não ter reacção,
de ver e não responder,
de querer e não conseguir mostrar,
de gostar e não poder,
de ser e não ser
Não tenhas.
Mas tenho… que faço?
Respiras com calma,

vives com pressa,
gostas com força,
sonhas com vontade,
lutas com garra,
vences com sorte,
perdes com brio,
avanças com cautela,
mudas com responsabilidade,
falas com razão,
abraças com sede de viver.
No fundo, ages como Homem.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Ironias *

(Mulher…)
Tu, à espera que ele ligasse,
Coitadinha, desesperavas.
Mas ele nem se lembrava
Que tu o esperavas.

(Mendigo…)
Com a fome que trazias,
Comias uma coisa qualquer.
Mas a menina, ali com arrelias,
Desperdiçava o seu comer…

(Empregado…)
Descias do carro já atrasado,
Dizendo mal da tua vida
Logo hoje que adiantado,
O chefe te esperava na subida.

(Tu…)
Continuas à espera do Euromilhões,
Ou então, que saiam lotarias.
Enquanto isso, contas os tostões
E poupas, economias…


*Meras quadras de hora de almoço