segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Parabéns avó

Parabéns avó. Fazias anos hoje, ainda te lembras? Registada a sete de Janeiro, mas nasceste no dia de Reis.
Há uns anos ofereci-te uma flor. Pelos teus anos. Era sábado, estava quentinho no restaurante e ficaste muito feliz. Agradeceste-me a flor e chamaste-me 'cara linda' e 'minha neta'. A mãe dizia que tu davas muito mimo a mim e à mana e nós sabemos que é verdade.
Recordas-te dos lanches que me fazias quando eu enchia o teu alguidar grande com água e lá brincava a tarde toda? Lembras-te do teu pãozinho com chouriço e da limonada?
Sabes uma coisa? Agora já não gosto de limonada. Já não me sabe muito bem. Podias ter-me ensinado a fazer. Também já não como torradas feitas ao lume, não me sabem muito bem.
A mãe no outro dia ainda tentou fazer aquele doce com milho que tu fazias, mas não saiu bem. Ficou muito líquido e não fez fatia. Também não estava muito doce, não me apeteceu comer à colher. Não faz mal.
Fazes muita falta, sabes?
Parece que era a tua cadeira que segurava o mundo no sítio onde ele devia estar. Agora está vazia. A mãe mudou-a de sítio mas não foi por mal. Não fiques aborrecida que não te esquecemos. Só que doía muito olhar para ela e não te ver lá. Agora a mãe pô-la noutro sítio.
O avô está bem. Está a ficar velho muito depressa, sabes?
Podes pedir aí em cima para o deixarem ficar muitos, muitos anos? É que eu gosto de o ver desenhar as casas.
Qualquer dia mando emoldurar um dos esboços dele. Aqueles ainda com o desenho a lápis. O que achas? Eu acho boa ideia. Fica bem naquela parede vazia do meu quarto. Ainda te lembras?
Eu ainda me lembro de ti. Só que não gosto de ver fotos tuas. Importas-te?
Eu sei que não voltas. Mas fica a saber que eu gosto de ti. E mais uma coisa: Parabéns avó!

5 comentários:

Mafalda disse...

E o que te hei-de dizer?

Que te compreendo. Melhor do que pensas.

Tentamos seguir a nossa vida, sem pensar muito nas tristezas.
Quando chegam estas datas, os dias são tristes, melancólicos,marcados pela saudade.

Olha, minha linda, enquanto tu te lembrares da tua avó, ela está viva.

Mesmo que já não haja as torradas, o doce de milho, a limonada, a cadeira de sempre.

A tua avó vive. Dentro do teu coração.

Para sempre...

Beijinho grande cheio de mimo

Nuno T disse...

Simples.
Bonito.
:)
Aposto que na net do céu, a tua avó está cheia de orgulho de neta que tem, e está a mostrar ás amigas este post genialmente escrito ;)

Bjinhos***

u João disse...

Olá Seni!
Obrigado pelo teu comentário no blogue.
Que linda esta homenagem ao teu avô!
Sabes...nunca se morre quando se fica assim no coração de alguém..
Beijo

seni disse...

Tão simpáticos vocês todos!
Mafalda, a amiga do costume.

NunoT, só espero que a net lá não falte nesta altura. :P Obrigada também pelo elogio.

joão: era à minha avó x) Tens razão.

Beijinhos.

Joana disse...

A minha avó nasceu a 6 de Janeiro e também já morreu. Era impossível não me rever na tua história.