sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Árvore mãe


Era uma mãe atenciosa, tratava todas as filhas por igual. Oferecia-lhes vestidos verdes do tom que preferissem, alimentava-as, passeavas pela brisa, mostrava-lhes as estrelas na noite e as nuvens brancas do dia. Mas ela sabia que quando o vento lhes assobiasse elas não iam resistir. Para as tornar confusas ofereceu a cada uma um vestido mais bonito que o da irmã. Uma verde. Uma amarela. Uma vermelha. Uma dourada. Uma castanha. Outra assim. Não foi suficiente. O vento chegou e cantou-lhes aquela música que até a nós nos faz dançar. Fê-las sentirem-se ainda mais leves e querer dançar com o vento. Elas, ingénuas em relação à verdadeira intenção do vento, deixaram-se seduzir. Foram na cantiga. Bailaram até ao chão. Nessa altura o vento desapareceu. Só as queria afastar da mãe. E agora estavam ao seu pé. Choravam pelo perdão e pediam para regressar, para lhe tornar a dar a mão e para lhe vestir o velho vestido verde. A mãe disse que não. Não se volta atrás.

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