
Nunca gostei muito de fotografia. Odeio aquelas fotos de casamentos, baptizados, festas, e afins. Onde está tudo à espera do flash da máquina agora digital. Continuo a preferir guardar cá dentro. No coração, na cabeça. Só aí fica registado o que senti na altura, seja quando a mãe partiu a fatia de bolo, quando a mana chorou com a água que o padre deitou (em que eu disse ao avô que quando fosse grande ia bater no padre, ninguém molha a minha irmã!), quando recebi o diploma da escola primária...
Agora percebo porque é utilizada como arte, percebo também o prazer que me dá desfocar fotos, pô-las a preto e branco, em tons de castanho, no fundo do ambiente de trabalho do computador. Mesmo assim não gosto de ver fotografias, não gosto de pegar no album e ver-me sentada ao volante do carro amarelo que o meu pai tinha, não gosto de ver os meus avós novinhos e pensar que nesta altura não aproveitei o que devia, não gosto de ver fotografias de amigos todos bonitos e pensar que podia não os ter vindo a conhecer. Não gosto de ver nem gosto de me ver.
Também descobri que adoro os vinte minutos que perco à procura de imagem que complete o que escrevo aqui, e que quase sempre ponho fotografia.
Acho que o problema é ver que toda a gente anda entusiasmada com fotografias, com máquinas xpto (xispêtêó), com efeitos mirabolantes. Eu se fotografo é porque me apetece, Como só digo o que penso quando me apetece, como só como se me apetece, como tu só lês se te apetece. Como isso.
Ps: esta imagem, parece foto, não sei se é. Como quase todas as que tenho guardadas foram tiradas de um sítio na net, de um blog, de um lado qualquer. Também não sei se tem a ver com o que escrevi. Mas já estava a pensar nela antes disto.