Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anónima viuvez,
Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.
Ouvi-la alegra e entristece,
Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões pra cantar que a vida.
Fernando Pessoa.
Este poema lembrou-me desesperadamente a minha avó. Ela também cantava enquanto ceifava, semeava, plantava, cultivava para os outros

3 comentários:
Mas talvez a tua avó seja/tenha sido feliz, enquanto tu, consciente de que ela não tinha razões para cantar ou para sorrir, és/eras profundamente infeliz.
Temos que começar a desejar o impossíveL: ser umas inconscientes porque ver o sofrimento dos outros dói mais do que sentir o nosso sofrimento.
E com isto tudo: escrever no blog, comentar e tal e tal, já temos o poema estudadito.
A isto é que eu chamo eficiência.
Beijinhos*
Adoro os meus avós, entristece-me não estarem mais perto.
Entrristece-me não estar mais com eles...
Lindo Post, parabéns.
bjs
Uma possível solução: Canta tu para ela. Ou então canta com ela.
Enviar um comentário