segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Mendigo

No outro dia estava sentada na varanda, coisa que acontece quando ando demasiado cansada dos barulhos de casa, e pus-me a pensar nas minhas férias de verão, em especial na quinzena que passei em Portimão.
Normalmente durante esses 15 dias não me apercebo de nada do que está à minha volta, mas este ano havia um mendigo lá na marginal que me fascinou.
Nós temos uma ideia de mendigo real, mas aquele mendigo tinha uma postura de senhor, um ar de lorde que nem as roupas velhas e rasgadas, que nem o olhar alucinado ou a cara curtida do sol conseguiam fazer-me acreditar que ele ali estava e que era 'um perdido no tempo e no espaço'.
Devia ser velho, devia porque não lhe conheço a idade e a bem ver, não lhe conheço coisa nenhuma, apenas o que vi e o que lhe imaginei.
Era irlandês, isso sei que era... Perguntava aos irlandeses se tinham dinheiro, uns trocos. Meteu-se comigo quando deixei cair a nota para pagar os jornais, correu atrás de mim e deu-ma. Podia ter ficado com ela, eu nem saberia, nunca saberia que ele ma tinha tirado. Mas não. Ele devolveu-ma, tirou o chapéu e fez-me uma vénia no final. Apeteceu-me rir, apeteceu-me corar, apeteceu-me..., mas tava tão abismada com a possibilidade de o ver de perto que nem isso consegui. Parecia ainda mais velho de perto, um sorriso luminoso, uma cara sapiente.
Mas que sei eu? Gostava muito de lhe conhecer a história, mas gosto muito de lhe conhecer o mistério.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gosto mesmo mesmo! Adoro a tua maneira de escrever amor =)